E começou mais uma Copa São Paulo de Kart da Granja Viana. São diversas categorias (Mirins, Cadetes, Juniors, Rotax, Graduados, Sênios, Shifters, DD2 e etc.), para todos os gostos e bolsos.
E o que tem de novidade na Copa São Paulo de Kart da Granja Viana este ano? Simples: eu.
Para explicar, vamos voltar um pouco no tempo, no meio do ano de 2012, período em que fiquei um pouco cansado do Kart amador e comecei a querer experimentar novos ares. Que fique claro que gosto muito do kart amador, acho extremamente disputado, continuo organizando o Kart Masters, com comprometimento e vontade. O problema, é que a melhor parte dos dias de corridas dos campeonatos amadores passou a ser o pós corrida onde a reunião com os amigos passou a ser inevitável. Para resumir: acabou a competição que tanto me motivava, de verdade. Diante disso, a decisão de procurar algo novo e que ia ao encontro ao sonho de infância: competir em uma categoria profissional, onde o que iria definir se eu iria bem ou não era o meu trabalho, o meu empenho, a minha dedicação, e que minhas chances de ir bem em uma corrida, não estariam restritas ao sorteio do kart que ocorre em todos os campeonatos amadores.
Escolhi a Pró 500. Decidido o que fazer, comecei um programa de treinos junto à WVR Motorsport, visando pegar a mão do equipamento, ajustes e as reações, pois seria um mundo novo e eu queria entrar o mais preparado possível. Então, todo sábado, lá ia eu para a Granja Viana, treinar em kart com chassi de competição (mini 2006), motor semelhante ao que teríamos, mas sem a bolha da Pró.
Assim foram vários e vários meses. Paralelamente, já estava levantando os custos da categoria Pró 500 e tentando apoio financeiro. O custo apurado no meio de 2012 era de R$ 3.000,00 mensais (guardem este número). O parceiro de equipe já estava fechado também. Era um outro nome forte do kart amador. A dupla se desenhava forte. Infelizmente, meu parceiro desiste no meio do caminho por questão financeira. Eu não desisto e sigo com meus treinos, mesmo sem parceiro, pois, vai que... né? Quem sabe com alguns resultados bons, começa a pintar apoio? Após meses de treinos, chegou o dia de fazer um teste no Kart da Pró 500. O teste foi feito no kart do Paulo Martinelli (outro amigo de pista), que estava aos cuidados da equipe MR Preparações. Fiquei muito feliz, pois virei o tempo da categoria. Estávamos no caminho certo.
Porém, estava chegando o momento de estrear e ainda haviam diversos detalhes que precisavam ser concluídos, dentre eles, o principal: qual equipe escolher? Eu não participei de nenhuma negociação. A WVR que estava à frente disso e sempre teve minha total confiança, pois além de serem meus amigos pessoais, sempre tiveram o objetivo de andar na frente, fazendo sempre o melhor possível. Eu já havia passado as minhas condições. Como sabiam desde sempre o quanto eu chato, não tinha como dar errado. Trouxeram duas opções. Escolhi a MR Preparações, que estava entre as opções. Após tudo fechado, a MR me chamou para testar um segundo chassi, que havia sido vice-campeão da Light no ano anterior. Fiz o teste. Perguntaram qual chassi eu queria. Escolhi o primeiro que testei. Por quê? Porque casou mais com meu estilo. Nem sei se era ou não melhor, mas me senti mais confortável no primeiro e foi ele o escolhido. Um mini 2011. Neste meio tempo, após conversar com o Wagnão da Agraupe (meu conhecido de outras datas), consegui fechar o apoio da AGRAUPE para 2013. Foi ótimo não estar sozinho!
Eis que chegou fevereiro. E com ele, outras bombas. Vou resumir o problema: mudaram o regulamento com relação à 2012. Outra carenagem, outro eixo, outro escapamento. Tivemos que comprar tudo novo. Isto, somado a uma embreagem para usar exclusivamente em corrida, pneus extras e outras "miudezas", mais do que dobrou minha conta. Esperava gastar nos meses normais, R$ 1600,00. No primeiro mês, tem filiação, ok, mas gastar R$ 3.400,00 era algo que sinceramente, eu não estava esperando. Pensei até em não fazer a primeira etapa. Tenho certeza que meu parceiro também. Mas, bora lá ver que porra aconteceria (agora era pessoal fazer o sonho acontecer).
Chega a semana da estreia. Descubro que tem que treinar na quinta e na sexta. Cacete. Agora, me digam como um Filho da Puta que trabalha de verdade consegue fazer isso? Só podia ser sacanagem. Pedi para entrar mais cedo e sair mais cedo nestes 2 dias. Consegui (ufa) e fui para a porcaria dos treinos. O treino de quinta-feira foi legal. A pista estava cheia e com vários nomes que iriam correr no sábado. Consigo um ótimo 4º lugar na geral e 1º da Light (minha categoria). Mas, treino é treino, jogo é jogo. Pés no chão (mas com um sorrisinho na cara, confesso). Treino oficial de sexta. Estamos falidos. Orçamento mais do que estourado. Possibilidade de chuva. Podemos comprar apenas 1 jogo de pneus. Dúvida: pneu zero para repassar o kart ou de chuva?
Treino de sexta é feito com os motores da corrida de sábado. Fomos contemplados com um motor manco pra caramba. Cheguei a me perguntar se a maldição do sorteio iria me acompanhar na Pró também. Fizemos o treino de sexta com o motor manco e os pneus esbagaçados mesmo. Conseguimos outro 4º lugar, só que dessa vez, de baixo pra cima da folha de resultados. Chamei meu parceiro e fiz as minhas contas, onde disse que acreditava que o motor e o pneu estavam tirando de nós, 1 segundo. Estava tudo sob controle. Faltava uma coisa: nossa carenagem, que estava branca (um detalhe sobre nossa carenagem: compramos de 2ª mão, como sendo sem uso (tenho os e-mails que comprovam a negociação), mas chegou remendada. Uma carenagem que certamente bateu de frente. O sr. "preparador de renome" nos mandou uma carenagem usada e mordeu R$ 1.100,00 da gente (uma nova seria 1.300,00). Mas beleza. Eu tenho um nome para zelar. Nem todos são assim, não é mesmo, senhor preparador de renome?).
Voltando a carenagem: esta precisava ser adesivada. Afinal, toda branca, ninguém merece. Pegamos um rolo de adesivo vinil vermelho que meu amigo Airton Eduardo da Flexcolor me deu e fomos adesivar o kart, afinal, pagar quase R$ 1000,00 (sem ter) para cobrir a carenagem, na minha cabeça, era coisa de quem estava com dinheiro sobrando. Descobrimos que adesivar carenagem é uma arte, que eu sou péssimo para isso e que R$ 1000,00 é barato. Ficou uma porcaria. Dane-se. Dia seguinte o kart estaria na pista. Grudamos alguns adesivos da Agraupe na carenagem, bem como adesivos do Kart Masters. Dia seguinte, estamos na pista. Nos encaminhamos ao Briefing.
Jamais esperei ver um regulamento ser alterado no Briefing em uma categoria profissional. Mas, azar. Fazem a votação, mudam o esquema de largada e mantem o restante do regulamento. Fiz o qualify e consigo apenas um 13º, após perder a volta ideal dos pneus, preso atrás de outro kart. Minha esposa chega, com meus filhos e minha mãe. Vários amigos do amador também vêm dar o apoio e assistir a prova. Emocionante. Acredito que a maior torcida dentro do kartódromo era para o kart #60.
Meu parceiro Vitor faz largada. Um dos 5 primeiros colocados roda na largada e fica na contra mão, no meio da pista. O O Vitor desvia pela grama para não bater. Sufuco. Após isso, ele imprime um ritmo muito forte e recupera as 3 posições que perdeu na largada e passa ao menos, mais 3 karts! Sensacional. Com mais ou menos 25 minutos de perna, meu chefe de equipe manda eu me arrumar, pois faria a troca. Obedeci. O kart chega. Vitor me fala que está saindo muito de traseira. Respiro fundo e volto para a prova. Nesta hora, tudo o que passei com sorteio de kart amador, todos os eventos punks, como brasileiros, onde o esfrega é geral, enduros, onde a cabeça conta muito, entraram em ação. KART AMADOR NA VEIA! Escapo das confusões. Procuro um ritmo forte, mas confortável e faço o melhor possível. Estamos no placar! Entre os 10 da prova na nossa primeira participação!
Com 50 minutos de prova, ocorre a neutralização. Todos em fila indiana, andando lentamente esperando a nova relargada, que só veio na terceira passagem. Recomeça a Pró 500. Tomei pancada na relargada igual gente grande, mas consegui manter minha posição. Em um dos toques, um pedaço de carregam entrou embaixo do meu kart, atrapalhando a tocada. Depois, um outro “piloto” conseguiu a proeza de me acertar por fora, enganchando as duas carenagens. Pensei que minha corrida iria acabar ali. Graças a Deus, as carenagens se soltaram e pude prosseguir na prova. Fiz mais algumas ultrapassagens, andei forte, escapei de mais confusão e esperei o fim da prova. Cruzei a linha de chegada em 9º na geral e 3º da Light. Mas havia um kart usando peças proibidas, que foi desclassificado. Herdei uma posição. Primeira prova: 8º na geral e 2º na light.
Depois de tudo o que passamos, era sensacional. Chego na área do pódio. Meus amigos, parentes, enfim, todos os queridos vêm me cumprimentar. Meu parceiro foi o primeiro a chegar, com os olhos marejados (assim como os meus). Foi uma grande emoção. Logo depois, soube que de todos os karts da MR Preparações (acho que são 5), o nosso foi o melhor colocado. Isso só me encheu de orgulho. Orgulho pessoal, orgulho do meu parceiro, orgulho do trabalho duro, dos treinos e da dedicação empregados. Uma semana depois, no treino seguinte, nosso preparador diz que nosso eixo correu na corrida e que nossos rolamentos traseiros estavam estourados. Não sei, mas isso tira muito tempo do kart. Se no final eu virava o tempo dos 3 primeiros, fiquei pensando como seria com o kart certinho. Mês que vem tem mais. Até lá, continuamos na luta por apoio financeiro, algo que não está fácil, mas acredito que vamos conseguir. O projeto é bom, o resultado foi bom na estréia e será melhor ainda na próxima. Tenho certeza disso.
Ah, não posso terminar este post sem agradecer TODOS que foram nos prestigiar ao vivo, na Granja Viana. A presença de todos foi sensacional. Fiquei muito orgulhoso e feliz por poder retribuir com resultado na pista o carinho de todos vocês! Em especial, agradeço a minha esposa, que fechou os olhos para os gastos deste meu sonho infantil e me apoiou em todos os momentos. Te amo, Claudia. Quem quiser ver algumas fotos nossas da prova, tem aqui: http://www.kartmasters.com.br/Pro500Etapa1.aspx
Muito obrigado pela visita e até a próxima!
Bruno Braz.
